terça-feira, 27 de setembro de 2011

COMO SURGE O UNIVERSO




Um Diálogo de H. P. Blavatsky Com Seus Alunos,

Sobre o Primeiro Versículo das Estâncias de Dzyan

Helena P. Blavatsky

Nota Editorial:

O texto a seguir é transcrição de uma conversa com Helena Blavatsky (1831-1891). Nele, a fundadora do movimento esotérico moderno responde, durante reunião em Londres e já na etapa final da sua vida, a perguntas diretas de seus alunos sobre a origem do cosmos.

A tradução ao português e a revisão final são de associados da Loja Unida de Teosofistas em Los Angeles, no Brasil e em Portugal.

O estudo da cosmogonia esotérica exige um esforço intelectual, mas é, sobretudo, uma prática meditativa. Ele amplia a consciência do estudante. Ele cria novas conexões cerebrais. Ele estabelece um contato ampliado entre o indivíduo e o seu próprio eu superior ou alma imortal. Cada ser humano é um resumo microcósmico do universo, e, portanto, o estudo sério da evolução do cosmo é necessário para conhecer a si mesmo.
Segundo a tradição esotérica, toda experiência iniciática avança na direção de compreender o Universo e as suas leis. Deste modo o indivíduo torna-se consciente da sua relação com o cosmo.

A percepção da sua unidade com o universo transforma gradualmente, de dentro para fora, cada aspecto da vida do estudante. A mudança ocorre em parte por uma espécie de osmose entre diferentes aspectos da consciência. No início o despertar pode ser quase imperceptível, ganhando força aos poucos.

No diálogo a seguir, H. P. Blavatsky explica o primeiro versículo da Estância I, da Cosmogênese, na obra “A Doutrina Secreta”. [1]

(CCA)
NOTA:

[De “A Doutrina Secreta”, Volume I]
ESTÂNCIA I

[Sobre o Momento Anterior ao Surgimento do Universo]

Versículo I.

1. Envolta em suas vestes sempre invisíveis, a eterna progenitora (o Espaço) havia dormido, mais uma vez, durante sete eternidades.

Pergunta:

Nas páginas 8 e 9 do Proêmio de “A Doutrina Secreta” [edição original em inglês], vemos a seguinte explicação sobre o Espaço, considerado em abstrato:

“[...] A unidade Absoluta não pode transformar-se no infinito, porque o infinito pressupõe a extensão ilimitada de algo e a duração ilimitada deste ‘algo’; e o Todo Uno não é um objeto nem um sujeito de percepção; ele é como o Espaço. O Espaço é a única representação mental e física do Todo Uno nesta Terra ou em nosso plano de existência.

Se alguém pudesse pensar que o Todo Eterno Infinito, a Unidade Onipresente, ao invés de existir na Eternidade se transforma através da manifestação periódica em um Universo multidimensional, ou em uma personalidade múltipla, aquela Unidade deixaria de ser uma Unidade. A idéia de Locke segundo a qual ‘o Espaço puro não é capaz de resistência nem de movimento’ é uma ideia errada. O Espaço não é nem um ‘vazio ilimitado’ nem uma ‘plenitude condicionada’, mas ambos; porque ele está no plano da abstração absoluta, da Deidade sempre incognoscível, que é um vazio apenas para as mentes finitas e no plano da percepção maiávica. O Espaço é o Plenum, o Recipiente absoluto de tudo o que é; seja manifestado, seja não manifestado. Ele é, portanto, aquele TODO ABSOLUTO.

Não há diferença entre a afirmativa do Apóstolo cristão segundo a qual ‘Nele vivemos, nos movemos e existimos’ e a do Rishi hindu: ‘O Universo vive em Brahma, teve sua origem em Brahma, e voltará a Brahma (Brahmâ)’. Porque Brahma (neutro), o imanifestado, é esse Universo in abscondito; e Brahmâ, o manifestado, é o Logos, que é transformado em masculino-feminino nos dogmas simbólicos ortodoxos. O Deus do Apóstolo-Iniciado, assim como o do Rishi, é tanto o ESPAÇO visível como o ESPAÇO invisível. No simbolismo esotérico, o Espaço é chamado ‘o Eterno Mãe-Pai de Sete Peles.’ Desde a sua superfície indiferenciada até sua superfície diferenciada, ele é composto de sete camadas. O Catecismo esotérico Senzar pergunta: ‘O que é que foi, é e será, quer haja um Universo ou não; quer haja deuses quer não?’ E a resposta é: ‘O ESPAÇO’.”

 

Mas por que se fala do Espaço como a eterna progenitora, em termos femininos?


Resposta:
Não em todos os casos, pois na passagem anterior o Espaço é chamado de “Eterno Mãe-Pai”. Mas quando se fala do Espaço como feminino o motivo é que, embora seja impossível definir Parabrahm [1] , uma vez que falamos desse primeiro algo que podeser concebido, deve-se tratá-lo como um princípio feminino. Em todas as cosmogonias, a primeira diferenciação era considerada feminina. É Mulaprakriti que oculta ou coloca um véu sobre Parabrahm; é Sefira, a luz que emana inicialmente de Ain-Soph; em Hesíodo é Gaia, que emerge do Caos e antecede Eros (“Theog.”, IV, 201-246).
Isso é repetido em todas as criações posteriores e menos abstratas, mais materiais, como acontece com Eva, criada a partir da costela de Adão, etc. A deusa e as deusas vêm primeiro. A emanação inicial se torna a Mãe imaculada da qual surgem todos os deuses, as forças criadoras antropomorfizadas. Devemos adotar o gênero masculino ou feminino, porque não podemos empregar algum pronome neutro (“Aquilo”). Rigorosamente falando, desde “Aquilo” [2], como neutro, não pode surgir nada; nem uma radiação, nem uma emanação.

Pergunta:

Esta primeira emanação é idêntica à Neith [3] egípcia?

Resposta:

Na realidade, ela transcende Neith. Mas, em certo sentido, e num aspecto inferior, ela é Neith.

Pergunta:

Então, o AQUILO em si mesmo não é “o Eterno Mãe-Pai de Sete Peles”?

Resposta:

Certamente não. Na filosofia hindu, o AQUILO é Parabrahm, aquilo que está além de Brahma ou, como se diz agora na Europa, o “incognoscível”. O espaço a que nos referimos é o aspecto feminino de Brahmâ, o masculino.

Ao primeiro sinal de diferenciação, o Subjetivo passa a emanar, ou passa a cair, como uma sombra, no Objetivo, convertendo-se no que é chamado de a Deusa Mãe. Dela surge o Logos, isto é, o Deus-Filho e o Deus-Pai, ao mesmo tempo, ambos imanifestados. Um deles é a Potencialidade, o outro a Potência. Mas o Deus-Filho não deve ser confundido com o Logos manifestado, que também é chamado de “Filho” em todas as cosmogonias.

Pergunta:

A primeira diferenciação do AQUILO absoluto é sempre feminina?

Resposta:

Só na linguagem simbólica. Estritamente falando, a primeira diferenciação é assexual. Mas o aspecto feminino é o primeiro que a diferenciação assume na concepção humana, e a sua materialização subseqüente depende em qualquer filosofia do grau de espiritualidade do povo ou nação que produziu o sistema. Por exemplo: na Cabala dos Talmudistas, AQUILO é chamado de AIN-SOPH, o sem fim, o ilimitado, o infinito (os atributos são sempre negações); contudo, quando mencionam este Princípio absoluto, se referem a Ele!!

A partir deste princípio absoluto, o Círculo negativo e Ilimitado de Luz Infinita emana a primeira Sefira, a Coroa, que os Talmudistas chamam de “Torá”, a lei, explicando que ela é a esposa de Ain-Soph. Isso é antropomorfizar radicalmente o Espiritual.

Pergunta:

Acontece o mesmo com as Filosofias hindus?

Resposta:

Acontece exatamente o oposto. Pois, se consultamos as cosmogonias hindus, constatamos que Parabrahm sequer é mencionado, mas apenas Mulaprakriti. Esta última é, por assim dizer, a delimitação ou o aspecto de Parabrahm no universo invisível. Mulaprakriti significa a raiz da Natureza ou da Matéria. Mas não podemos chamar Parabrahm de “Raiz”, pois ele é a absoluta Raiz sem Raiz de tudo. Portanto, devemos começar com Mulaprakriti, o Véu deste incognoscível.

Aqui, novamente, notamos que em primeiro lugar está a Deusa Mãe, o reflexo ou a raiz subjetiva no primeiro plano da Substância. Depois ocorre o Logos imanifestado, que surge desta Deusa Mãe, ou melhor, reside nela; ele é ao mesmo tempo seu Filho e marido; é chamado de “o Pai oculto”.

Dos dois surge o primeiro Logos manifestado, ou Espírito; o Filho, de cuja substância emanam os Sete Logoi [4]. A síntese dos Sete Logoi, quando vista como uma Força coletiva, converte-se no Arquiteto do Universo Visível. Eles são os Elohim dos judeus.

Pergunta:

O Espaço, ou a deidade desconhecida, é chamado nos Vedas de “Aquilo” e é mencionado mais adiante. Que aspecto dele é chamado aqui de “eterna progenitora”?

Resposta:

É o Mulaprakriti Vedantino e o Svabhavat [5] dos budistas, ou esse algo andrógino de que temos falado, que é diferenciado e não-diferenciado. No seu primeiro princípio ele é uma abstração pura, e se diferencia só quando se transforma em Prakriti [6], ao longo do tempo. Se o comparamos com os princípios humanos, corresponde a Buddhi, enquanto Atma corresponderia a Parabrahm; Manas a Mahat, e assim por adiante.

Pergunta:

Quais são, então, as sete camadas do Espaço, já que no Proêmio de “A Doutrina Secreta” há uma referência a “Mãe-Pai de Sete Peles”?

Resposta:

Platão e Hermes Trismegisto o veriam como o Pensamento Divino, e Aristóteles consideraria este “Mãe-Pai” como a “privação” da matéria. É isso que se converterá nos sete planos do ser, começando com o espiritual e passando, através do psíquico, até o plano material. Os sete planos de pensamento ou sete estados de consciência correspondem a estes planos. Todos estes grupos de sete são simbolizados pelas sete “Peles.”

[ O diálogo prossegue.]

NOTAS:
[1] Parabrahm - O princípio universal absoluto e indescritível, o Espaço abstrato infinito, e, também, a Lei universal. (CCA)

[2] “AQUILO” (“IT” no original em inglês). “Aquilo” é usado em filosofia oriental para mencionar o aspecto supremo, inefável e indescritível, da Realidade. (CCA)
[3] Neith - Deusa do Egito antigo, associada aos mitos da criação. Segundo Arthur Cotterell, acreditava-se que Neith havia tecido o mundo, fazendo com que ele passasse a existir através do trabalho com o seu tear. O culto a Neith era localizado no Baixo Egito. Ver “The Illustrated Encyclopedia of Myths and Legends”, Arthur Cotterell, Cassel-Marshall Editions, London, 1989, p. 226. (CCA)

[4] “Sete Logoi”. Logoi é o plural de “Logos”. A palavra é de origem grega. Em linguagem popular, é aceitável usar “Logos” também como se fosse plural, “Sete Logos”. (CCA)

[5] Svabhavat é a substância essencial do mundo físico, assim como Mulaprakriti. Toda a natureza, o universo, surge de Svabhavat. Por isso é chamado de pai-mãe. (CCA)

[6] Prakriti - a natureza, em seu aspecto material. O mundo físico. (CCA)

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O texto acima constitui o inicio da segunda parte da obra “Diálogos da Loja Blavatsky

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